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quinta-feira, 30 de julho de 2009


manter distância é alimentar a chama
é apagar fogo com gasolina
é confiar à ave de rapina
a segurança do bem que mais ama
manter distância é acreditar
que é o espaço, e não o coração
que tranca a gente num lugar sem ar
e deixa a gente sem nada nas mãos
manter distância é pensar que fome
é uma coisa [e não uma sensação]que vai embora, simplesmente some
é acreditar que falta de atenção
faz o amor se esquecer do nome
de quem nos faz esquecer a razão.........



sexta-feira, 24 de julho de 2009

o amor é bicho instruído


Amor é bicho instruído
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.
.
(Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 21 de julho de 2009

será real ou fantasia?


se eu pudesse sonhar o que eu quisesse
sonho desses que não diferencia o que sente real ou fantasia
tão carnal que a pele reconhece
tão presente que a pele arrepia
tão profundo que alma até esquece
que o gosto que sente é só quimera
eu teria, então, o gosto dela
a saliva e o fim da calmaria
sua boca que a minha há tanto espera
o seu beijo - trovão, rima e canela
meus demônios pedindo alforria

dos meus tempos de menina

para minha prima...
Era uma vez, uma lugar bem um pouco acima das nuvens e um pouco abaixo do nada... Davámos cambalhotas, saltos triplos, mortais carpados, grupados e esticados :). Plantávamos bananeiras no ar! E os pés ainda davam bananas de verdade! :P Com miquinhos morando entre os dedos dos nossos pés! Faziam cosquinhas e por isso todos viviam rindo.
O sorriso sempre determinante. Nem existia mal humor. Era impossível. Parecia até sonho. Mas 'néra' não. Era alegria mesmo. Alegria que não faltava em mim, em nós.

E de pensar que a gente se via todo dia.... :(

no dia em que se celebra a AMIZADE..


O que marca e o que não marca, irá marcar (:
Como algo sem importancia ...
um banho de chuva ou qualquer outra fuga, irá dar um ar para gargalhar!
um romance errado ou um machista retardado, terá de quem zombar!
um plano realizado, como um beijo roubado, pra sempre irá ficar!
um conselho preocupado com alguém ao seu lado, faz mudar!
uma certeza exata da garota apaixonada que no colo da amiga foi chorar!
a descoberta dessa vida incerta que se faz concreta se ao teu lado posso caminhar!


-É, eu te amo :*


(o que seria de mim sem elas?)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

quanto mais desejo....

Se meus lábios esbarrassem, qualquer dia
em teus lábios de sorrisos e vontades,
nossas bocas comporiam poesia
no silêncio de uma doce impunidade.
Se teus lábios, por uma razão qualquer
proferissem o meu nome, suavemente
nada do que é estruturado fortemente
permaneceria firme, inteiro, em pé.
Se minha boca conhecesse o caminho
e minha pele conhecesse tuas mãos,
o meu peito seria um redemoinho.
Se meus olhos vislumbrassem o fino linho
de tua pele nua, eu perderia o chão
como quem encontrou rosas sem espinhos.




quinta-feira, 16 de julho de 2009

"Vamos combinar, então, que da próxima vez eu abandono esse papel de santa.
Nada de coração, sentimento, paixão.
Nada dessas palavras que a gente encontra em versos e poesias de cartão mal escrito.
Fica combinado que, da próxima vez, você vai se divertir em outro lugar.
Vai torcer contra mim sentado em outra arquibancada.
Rir de outra piada.
Fica assim, então, combinado.
Eu não choro mais de madrugada, não me chamo mais de tonta em frente ao espelho, não borro mais com a mão o meu batom vermelho.
Não puxo os meus cabelos.
Não brigo mais.
Nada de gritos e palavrões.
Nada de portas batidas rachando as paredes aos poucos.
Nada de perseguições.
Fica combinado que eu não acredito mais em bonecos de noivos em cima de bolo cheio de creme.
Em fatia cortada de baixo pra cima.
Em goles de bebida em copos cruzados.
Combinado, então.

Eu não me derreto mais com flores no meio do dia.
Não acredito mais em frases quase dentro da orelha.
Em lambidas no pescoço.
Em telefonemas.
Não me admiro mais com laço grande em caixa de presente.
Fica combinado que não sou mais a boazinha, a paciente.
A partir de hoje, pedra no lugar do coração...."




"As coisas mais importantes são as mais difíceis de expressar. São coisas das quais você se envergonha, pois as palavras as diminuem - as palavras reduzem as coisas que pareciam ilimitaveis quando estavam dentro de você à mera dimensão normal quando são reveladas. Mas é mais que isso, não? As coisas mais importantes estão muito perto de onde seu segredo esta enterrado, como pontos de referência para um tesouro que seus inimigos adorariam roubar. E você pode fazer revelações que lhe são muito difíceis e as pessoas o olharem de maneira esquisita, sem entender nada do que você disse, nem por que eram tão importantes que você quase chorou enquanto estava falando. Isso é pior, eu acho. Quando o segredo fica trancado lá dentro não por falta de um narrador, mas de alguém que compreenda."

[S.K. conto 'O Corpo']



sexta-feira, 10 de julho de 2009


Vou escrever uma carta com a minha própria letra
papel branco, tinta preta, dizendo tudo que sinto
desse coração faminto, da saudade apertada,
das cores já desbotadas daquele vestido velho.
É que o tempo me aconselha a ser sincera com a vida.
A saber que as despedidas são uma forma de chegada,
só que ao avesso, onde cada um leva o outro bem juntinho.
Vou escrever do carinho e da paz que me faz gente.
Vou ser bem irreverente e explícita ao contar que viver é um ato intenso
como flertar com o vento e fazer amor com o ar...



segunda-feira, 6 de julho de 2009

depois das tempestades..

.



Tomo as rédeas da tempestade com punhos firmes - garanto.
A transformo em chuva fina, em água calma e divina pras flores que hoje eu planto.
Isso aqui já foi ruína, nem faz tanto tempo,
isso já foi solo movediço, já foi chão de desperdício, mas agora é diferente..
Quero a coisa simplesmente, sem uma segunda intenção..
quero um aperto de mão, quero um abraço sincero.
Não é muito o que eu espero, nem acho que espero em vão.
Fazer poema é complicado, um poeta do passado disse que é ser fingidor.
E eu que finjo tão bem, só esperava que ninguém achasse que essa autora,
que arrisca esses rabiscos tão mal-feitos e sem cor,
fosse aquilo que não é, dissesse aquilo que não disse, colhesse o que nunca plantou.
E é por isso que eu, suave, ordeno que a tempestade que em tempos tão recentes
destruiu a paz urgente, agora seja só chuva, que me caia como luva.
Não planto semente de dores
mas a chuva há de fazer o que eu plantei, florescer: um campo de belas flores








.
.

às vezes a diferença
entre anjos e demônios
é menor do que se pensa...
.

domingo, 5 de julho de 2009


E se eu concordar contigo que é pedra meu coração, vai mudar seus velhos passos?

Seus hábitos tão antigos?

Tornaremos só amigos só por minha confissão?

Se eu gritar em plena praça que é concreto e argamassa o que bate aqui dentro, muda algum seu sentimento?

Se souber que é cimento minha alma sem ação, e não importa o que eu fiz ou o que eu faço..

Alivia seu cansaço se eu entrar em ebulição e meu vapor sair gritando em voz alta meu fracasso?

Redime dos estilhaços da frieza da razão, só por concordar contigo que é pedra meu coração?


[R]



menina dos olhos...

.

"..Vou morrer nos seus olhos, menina
Não há tempo de me salvar
Vou correr pros seus olhos como luz
Na sua íris me afogar.
Minha vida passando na sua vista
Você nem pisca
Lacrimeja e se irrita. Cristalino, cristalino..
Pois agora é muito tarde
Já estou na sua retina
Se o pensamento não lembrar
Vou morrer nos seus olhos, menina.

Cristalino, cristalino.."

daquilo que [só] a gente sente..

.

é incrível. é indescritível. é infindável.
é verdadeiro. é sincero. é harmonioso.
é paz. é vida. é luz.
é sem razões. é sem explicações. é energia.
é sereno. é confiável. é completo. é diferente.
é super. é hiper. é mega.

é paz. é vida. é luz.
é você. e isso basta...

[flower]
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"escrevo por não poder dormir tranquilamente. faço um texto ruim, submerso em sono, pouco alerta. preciso me esgotar para ir à cama sem lembrança. escrevo para limpar-me?"


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autoria


Você pode até bater esse pé no chão, como fazia quando era criança contrariada. Quando não ganhava seu doce, seu brinquedo, sua mesada. Como quando abria seu pacote de presente e encontrava o que não tinha pedido. Vestido no lugar da boneca. Sapatos em vez de discos. Você pode fazer manha, bico, beiço. Como quando o passeio era outro, a comida era outra, a música era outra e não a escolhida por você. Como quando a sobremesa colorida só vinha depois do prato todo verde. Chore. Esperneie. Berre. Você pode agarrar a barra da minha calça. Puxar minha camiseta. Você pode chorar rolando pelo tapete. Me xingar, ameaçar. Você pode reagir, me bater, tentar me matar. Pode quebrar as coisas da casa. Há dezenas de copos nos armários. pratos de porcelana. Xícaras de cerâmica. Espelhos. Você pode encher este chão de cacos. pode bater as portas na minha cara. Rachar as paredes. Você pode comprar uma arma. Afiar suas facas. Jogar um laço para me enforcar. Pode interromper meu caminho. Cruzar os braços. Emburrar. Você pode fazer qualquer coisa. Mas esta caneta eu não devolvo. A partir de hoje, Você não muda mais a minha vida. Quem escreve esta história aqui SOU EU.


[E.B.]

sábado, 4 de julho de 2009

"não entendo. isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. entender é sempre limitado. mas não entender pode não ter fronteiras. sinto que sou muito mais completa quando não entendo. não entender, do modo como falo, é um dom. não entender, mas não como um simples de espírito. o bom é ser inteligente e não entender. é uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. é um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

[C.L.]

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Gota


A vida no limite. Na borda da xícara. Pronta para transbordar a qualquer instante. Com qualquer mexida. A vida escorrida. Descida pelos pés da mesa. Esparramada. Sumida entre os tacos do chão da sala. Morro pelo excesso. Por você demais. Morro por não suportar mais nenhuma gota. O que já matou a minha sede, hoje, me transborda.

[E.B]

Eu sei que a gente se acostuma...



... sobre a condição [sub]humana...



"Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão. A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra. A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta. A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma".

[M.C.]

ALOHA!

Um beijo a quem vier...
paz, luz.. sempre!