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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010


ninguém há de lhe salvar, eu lhe garanto,
senão suas próprias forças e vontade.
ninguém há de lhe enxugar esse seu pranto
e amenizar a cicatriz que tanto arde.
ninguém há de lhe apontar qual a verdade
senão a própria intuição desse seu canto.
só seu próprio coração, mesmo covarde
será, em noites solitárias, o seu manto.
ninguém lhe apontará qual o caminho
com mais cores, menos pedras, mais amores
mais suave, no qual há menos espinhos.
ninguém há de impedir que haja dores
ou sentimentos maquiavélicos, daninhos.
viver é a arte de dançar com predadores.
[ricardo]

o que é que te faz perder o ar?
o olhar de um qualquer desconhecido,
relembrar de um erro arrependido
ou partir sem saber onde vai dar?
derramar suas lágrimas no mar
ou tocar com seus lábios outra boca?
tirar bem lentamente sua roupa
ou vestir-se indecente em pleno dia?
entregar-se à mais tensa tirania de um romance que não vai dar em nada?
ou gastar toda sua madrugada revirando os sonetos que ele fez?
o que mais ruboriza sua tez?
um recado surpresa sob a porta?
uma carta escrita em linhas tortas ou a voz num simples telefonema?
um pedaço de música ou uma cena?
uma praça, uma rua, um jardim?
uma igreja antiga ou uma flor?
entregar-se, com tudo, a outro amor ou o medo de que isso chegue ao fim?
o que é que te faz perder o ar?
um olhar recatado ou sem pudor?
se souber, me responda, por favor
pra eu escolher como vou te devorar...


[ricardo]

sábado, 20 de fevereiro de 2010

"Se tens um coração de ferro, bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia."


(José Saramago)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010


Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem a sensação de que sempre esteve aqui, quando eu sei que não estava. Conta por que nada do que diz sobre você me parece novidade, como se eu estivesse lá, nos lugares que relembra, quando eu sei que não estive. Conta onde nasce essa familiaridade toda com os seus olhos. Onde nasce a facilidade para ouvir a música de cada um dos seus sorrisos. Onde nasce essa compreensão das coisas que revela quando cala. Conta de onde vem a intuição da sua existência tanto tempo antes de nos encontrarmos.
Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem o sentimento de que a sua história, absolutamente nova, é como um livro que releio aos poucos e, ao longo das páginas, apenas recordo trechos que esqueci. Conta de onde vem a sensação de que nos conhecemos muito mais do que imaginamos. De que ouvimos muito além do que dizemos. De que as palavras, às vezes, são até desnecessárias. Conta de onde vem essa vontade que parece tão antiga de que os pássaros cantem perto da sua janela quando cada manhã acorda. De onde vem essa prece que repito a cada noite, como se a fizesse desde sempre, para que todo dia seu possa dormir em paz.
Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem essa repentina admiração tão perene. De onde vem o sentimento de que nossas almas dialogavam muito antes dos nossos olhos se tocarem. Conta por que tudo o que é precioso no seu mundo me parece que já era também no meu. De onde vem esse bem-querer assim tão fácil, assim tão fluido, assim tão puro. Conta de onde vem essa certeza de que, de alguma maneira, a minha vida e a sua seguirão próximas, como eu sinto que nunca deixaram de estar.
Conta pra mim por que, por mais que a gente viva, o amor nos surpreende tanto toda vez que vem à tona.
Ana Jácomo
(...) Estive pensando nesse mistério lindo que você é para alguém e alguém é para você ou que ainda serão um para o outro. Nessa oportunidade preciosa dos encontros que nos fazem crescer no amor também com o tempero bom da ludicidade. Nesse clima de passeio noturno em pracinha de cidade pequena. Nessa paz que convida o coração pra se recostar e repousar cansaços. Nesse lume capaz de clarear um quarteirão inteirinho da alma. Nesse abraço com braços que começam dentro da gente. Nessa vontade de deixar o mundo todo pra depois só para saborear cada milímetro do momento embrulhado pra presente.
Estive pensando nesse mistério que não consigo desvendar. Nem tento.
Ana Jácomo

para Nuno


Eu te amo, homem, hoje como toda vida quis e não sabia, eu que já amava de extremoso amor o peixe, a mala velha, o papel de seda e os riscos de bordado, onde tem o desenho cômico de um peixe - os lábios carnudos como os de uma negra.
Divago, quando o que quero é só dizer te amo. Teço as curvas, as mistas e as quebradas, industriosa como abelha, alegrinha como florinha amarela, desejando as finuras, violoncelo, violino, menestrel e fazendo o que sei, o ouvido no teu peito pra escutar o que bate.
Eu te amo homem, amo, o teu coração, o que é, a carne de que é feito, amo sua matéria, fauna e flora, seu poder de perecer, as aparas de tuas unhas perdidas nas casas que habitamos, os fios de tua arma.
Esmero. Pego tua mão, me afasto, viajo pra ter saudade, me calo, falo em latim pra requintar meu gosto: "Dize-me, ó amado da minha alma, onde apascentas o teu gado, onde repousas ao meio-dia, para que eu não ande vaguando atrás dos rebanhos de teus companheiros".
Aprendo. Te aprendo, homem. O que a memória ama fica eterno. Te amo com a memória, imperecível. Te alinho junto das coisas que falam uma coisa só: Deus é amor.
Você me espicaça como o desenho do peixe da guarnição de cozinha, você me guarnece, tira de mim o ar desnudo, me faz bonita de olhar-me, me dá uma tarefa, me emprega, me dá um filho, comida, enche minhas mãos.
Eu te amo, homem, exatamente como amo o que acontece quando escuto oboé. Meu coração vai desdobrando os panos, se alargando aquecido, dando a volta ao mundo, estalando os dedos pra pessoa e bicho. Amo até a barata, quando descubro que assim te amo, o que não queria dizer amo também, o piolho. Assim, te amo do modo mais natural, vero-romântico,
homem meu, particular homem universal.
Tudo que não é mulher está em ti, maravilha.
Como grande senhora vou te amar, os alvos linhos, a luz na cabeceira, o abajur de prata; como criada ama, vou te amar, o delicioso amor: com água tépida, toalha seca e sabonete cheiroso, me abaixo e lavo teus pés, o dorso e a planta deles
eu beijo.
(Adélia Prado, in: Poesia Reunida)

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Meu amor onde está você
Te liguei só prá te dizer
Que ontem a noite
Foi boa demais..
Acordei e nem quis saber

Se hoje vou trabalhar
Nem sei!
Só queria ficar
Com você na paz...
Que preguiça de levantar

Encarar a cidade
Ter que rir para não chorar
Meu amor que saudade
Dá tristeza só de pensar
Prá que tanta maldade?
Meu amor, meu amor...
Meu amor onde está você

Te liguei só prá te dizer
Que ontem a noite
Foi boa demais..


Orlando Morais

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

vem fazer carnaval no meu coração



Vem pra misturar juízo e carnaval. Vem trair a solidão, não? Vem pra separar o lado bom do mal, e acalmar meu coração. Vem pra me tirar o escuro e a sensação de que o inferno é por aqui. Vem pra se arrumar na minha confusão. Vem querendo ser feliz!



Dudu Falcão


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Catch a fire!


Peço apenas: fogo. escrevo num papel tudo que um dia me fez sofrer, tudo que me deixa triste, aquilo que não consigo administrar. Olho para tudo escrito, acendo o fogo que queima, queima, e tudo vira cinza. Tudo instantaneamente, resolvido – consumido!!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Band-aid


No corpo, ainda o curativo. o esparadrapo grudado na pele, em forma de xis. no corpo, ainda o corte. o talho. o rasgo em quem não pede a dor amenizada. em quem quer a cura definitiva. no corpo, ainda você. pulsando. latejando em forma de ferida. de maldita dor que não cicatriza.
Eduardo Baszczyn

preenche


Tão bom quando a gente tem um vão
e alguém encaixa direitinho...
Luciana

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010


Se eu pudesse escolher o seu desejo
Eu queria renascer no seu amor
Todo dia pra você, todo dia só pra mim
Nosso dia vai durar eternamente
Quero apenas a promessa do seu beijo
Quero apenas um vintém do seu amor
E sonhar os sonhos seus
Dar adeus a todo adeus
Sem fantasia, um tempo, só um dia.

Cacaso

sábado, 6 de fevereiro de 2010


‘- How are you feeling?’
‘- Safe. When I’m with you, I feel so safe… like I’m home’.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010


"Eu entro nesse barco, é só me pedir.
Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou (...).
Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes.
Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia (...).
Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe.
E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir.
Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia.
Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo.
Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir.
Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto.
Eu te ensino a nadar, juro!
Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças!
Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena.
Que por você vale a pena.
Que por nós vale a pena.
Remar. Re-amar. Amar".

Caio F. Abreu
"Ninguem vai bater mais forte que a vida.
Não importa o quanto você bate e sim o quanto você aguenta apanhar e continuar lutando;
o quanto pode suportar e seguir em frente.
É assim que se ganha"


(Sylvester Stallone Rock Balboa 2007).

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

vou viver e ser.. ♥


Uma paixão aqui, um quase-amor ali.
Ainda bem que existem amigos para amar, abraçar, sorrir,
cantar, escrever em recibos e tirar fotos bonitas.
E a vida segue. Feliz. Sua imaginação te preenche, seus amigos te dão colo,
vodka e dias incríveis.

Aí do nada ele surge. Ele. Ele que é diferente de tudo.
Ele que é tudo. Mas tudo não existe. Ele sim. Ele existe.
E gosta de música romantica, de praia, de palavras simples e café na cama.
Ele que é lindo. Vocês estão ouvindo?
LINDO! infinitamente lindo por dentro.
Que tem sonhos molhados, planos no varal e o coração atirado na mala.
Ele que não se parece com nada. Ele que combina comigo.
E não tem medo. Será que estou sonhando?
ELE NÃO TEM MEDO! (...)
E eu sinto que quero estar com ele. Agora.
Quero viver com ele na casa de armário pequeno, ter uma filha
que não se chama Maria e viver de amor. Sem medo.
Sem planos a longo prazo. Vou viver e ser.
Vou viver, ser e amar.
Vou viver, ser, escrever e amar.
Com ele. Até o fim.

Martha Medeiros

encanto


Me encante da maneira que você quiser, como você souber.
Me encante, para que eu possa me dar…
Me encante nos mínimos detalhes.
Saiba me sorrir: aquele sorriso malicioso,
Gostoso, inocente e carente.
Me encante com suas mãos,
Gesticule quando for preciso.
Me toque, quero correr esse risco.
Me acarinhe se quiser…
Vou fingir que não entendo,
Que nem queria esse momento.
Me encante com seus olhos…
Me olhe profundo, mas só por um segundo.
Depois desvie o seu olhar.
Como se o meu olhar,
Não tivesse conseguido te encantar…
E então, volte a me fitar.
Tão profundamente, que eu fique perdido.
Sem saber o que falar…
Me encante com suas palavras…
Me fale dos seus sonhos, dos seus prazeres.
Me conte segredos, sem medos,
E depois me diga o quanto te encantei.
Me encante com serenidade…
Mas não se esqueça também,
Que tem que ser com simplicidade,
Não pode haver maldade.
Me encante com uma certa calma,
Sem pressa. Tente entender a minha alma.
Me encante como você fez com o seu primeiro namorado…
Sem subterfúgios, sem cálculos, sem dúvidas, com certeza.
Me encante na calada da madrugada,
Na luz do sol ou embaixo da chuva….
Me encante sem dizer nada, ou até dizendo tudo.
Sorrindo ou chorando. Triste ou alegre…
Mas, me encante de verdade, com vontade…
Que depois, eu te confesso que me apaixonei,
E prometo te encantar por todos os dias…
Pelo resto das nossas vidas!
Plablo Neruda

ALOHA!

Um beijo a quem vier...
paz, luz.. sempre!